Management 3.0 e complexidade: sua empresa é um monstro?

Sim, sua empresa pode ser um monstro. Ter puffs coloridos, paredes com frases motivacionais e uma mesa de ping pong não a deixa mais bonita. Isso não basta! Repensar seu negócio é muito mais profundo do que isso.

Essa visão de organizações como monstros foi criada por Jurgen Appelo, o pai do Management 3.0. Aqui neste artigo vou compartilhar alguns insights sobre complexidade e as 6 visões do Management 3.0.

Vamos nessa?

A Hiperconexão e modelos falidos

Nem é preciso falar que vivemos em um mundo hiperconectado! Os hábitos dentro e fora das organizações estão mudando de forma radical. Nos comunicamos de forma diferente, interagimos de forma mais dinâmica e as relações sofrem mudanças em períodos cada vez menores.

Nem precisamos falar dos efeitos da transformação digital causada pela pandemia do COVID-19. Mas será que a forma atual de gerir as organizações leva em consideração toda essa hiperconexão e volatilidade do mundo?

Management 3.0: dançando com a complexidade

A Gestão 3.0 é um movimento que trata a complexidade como um processo natural para as organizações, buscando adaptar a forma como a gestão reage ao sistema. É preciso uma nova abordagem em como líderes atuam dentro das organizações.

Chegou a vez dos times auto-organizados, métodos ágeis e facilitação.

O modelo tradicional de gestão nos ensinou a decompor um sistema (uma empresa, por exemplo) em várias partes e estudá-las de forma independente. Acreditava-se, neste cenário, que tudo poderia ser previsto e se comportaria de forma linear. Lembra dos “Tempos Modernos”? As organizações são como máquinas!

Porém, uma empresa (e a maioria dos demais sistemas), não são lineares e muito menos previsíveis. Praticamente todas as partes que decompomos são dependentes de outras e atuam reagindo com efeitos múltiplos à causas diversas.

Resumindo: um efeito não tem uma causa única em todos os cenários, contexto ou tempo.

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É o que nos ensina qualquer estudo de científico, seja física ou termodinâmica. É o que prega também a Teoria da Complexidade, que demoramos mais de um século para considerá-la dentro do conhecimento em gestão: é praticamente impossível estudar e tomar decisão completa levando em consideração apenas partes isoladas de um sistema.

As empresas de pensamento tradicional ignoram toda a complexidade e investem tempo (e muito recurso) tentando planejar os cenários e prever as causas e efeitos de cada ação que podem fazer. Em grande parte, isso representa investimento perdido, pois quase todas as ações serão inúteis frente à complexidade e mudanças que acontecem todos os dias. Ou seja, um desperdício imenso de tempo, energia e recursos.

Uma das principais características da Gestão 3.0 refere-se à como as organizações distribuem o poder e liderança em toda a cadeia. A conclusão é que ficar com a tomada de decisão centralizada no topo da cadeia pode colocar em risco a sobrevivência da empresa. 

Como gerir na complexidade?

Jurgen Appelo, o pai do Management 3.0 criou um monstro fictício denominado Martie, que representa os 6 desafios da Gestão 3.0. A ideia do monstro, segundo ele, é para representar que toda e qualquer ação executada por uma organização, o monstro se adapta para que o efeito seja imprevisível. 

#01 – Energizar Pessoas (Energize People)

Cada colaborador possui um motivador interno diferente. Segundo as teorias mais modernas, é impossível motivar alguém. Na Gestão 3.0, é papel de um gestor identificar os motivadores internos de cada colaborador e conectá-los ao propósito e ambiente da empresa. O desafio é construir um ambiente onde as pessoas sintam-se inspiradas e com um nível de energia elevado.

#02 – Empoderar Times (Empower Teams)

Uma das características da Gestão 3.0 é a tomada de decisão descentralizada por toda a organização. Empoderar times significa oferecer autonomia para as equipes resolverem seus próprios problemas da rotina e tomar suas próprias decisões com frequência. A ideia de comando centralizado e hierarquia vertical é diminuída e quebrada com o empoderamento de times.

#03 – Alinhar Restrições (Align Constraints)

Times empoderados devem tomar decisões de diferentes níveis e impactos no contexto. Uma das melhores formas de prevenir problemas relacionados à decisões equivocadas é alinhar as restrições da equipe. Essas restrições não limitam a ação das equipes, mas direcionam para o que a organização acredita. Elas podem vir em forma de objetivos, metas, valores e etc.

#04 – Desenvolver Competência (Develop Competence)

Boas decisões tomadas por times empoderados e com restrições claras possuem relação forte com inteligência de decisão. Novos contextos exigem competências específicas. Neste cenário, a organização precisa prover conhecimento e estrutura para troca de experiências na rotina, desenvolvendo as competências necessárias para o crescimento.

#05 – Crescer a estrutura (Grow Structure)

As organizações tradicionais possuem um vício em crescem de forma hierarquizada e vertical. Para a Gestão 3.0, este tipo de estrutura é lenta e muito cara. Em contrapartida, as organizações precisam desenvolver um modelo onde “a parte tem a essência do todo”. Isso pode acontecer por meio de unidades que possuem multidisciplinariedade e autonomia para resolver seus problemas e se desenvolver sem dependência.

#06 – Melhorar Qualquer Coisa (Improve Everything)

A questão levantada pela Gestão 3.0 é a necessidade de contestar sistemas ordenados e lineares. Existe uma nova forma de se relacionar com o ambiente, que é cada vez mais complexo e incerto.

Vamos continuar fazendo a mesma gestão dos últimos 100 anos? 

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